TIPOS DE FAJÃS
De acordo com as suas características, origem e localização, as fajãs podem ser classificadas em:
Fajãs de delta lávico
São fajãs criadas quando as escoadas de lava avançam sobre o mar, provocando o recuo da linha de costa. Estas fajãs , em geral, são muito resistentes à erosão do mar por serem constituídas por grandes massas rochosas compactas e sem fissuração apreciável, são em geral delimitadas por costas abruptas, angulosas, fortemente recortadas, com grandes calhaus no seu sopé.
Os solos, quando não tenha havido recobrimento por materiais de projecção ou derrocadas posteriores, são em geral esqueléticos.
À superfície destes deltas podem ocorrer pseudópode-crateras ou cones litorais e a erosão da frente da escoada, ou uma drenagem posterior conferem-lhe frequentemente um aspeto digitado. São frequentes os arcos rochosos costeiros e as grutas marinhas resultantes da erosão por ação do mar.
Fajãs detríticas ou de talude
São fajãs criadas pela acumulação de materiais resultantes do desmoronamento das encostas sobranceiras. Estas fajãs tendem a ser mais aplanadas e, por serem constituídas por materiais soltos, facilmente sujeitos ao transporte pelas ondas, têm, em geral costas de formas suaves e quase retilíneas, com praias de calhau rolado de dimensão variável. Nas costas mais expostas à ondulação, em geral, as viradas a norte, formam-se por vezes cordões de calhaus rolados que conduzem ao aparecimento de formações lagunares (como acontece na Fajã da Caldeira de Santo Cristo).
Os solos destas fajãs são em geral muito férteis, embora as mais perigosas para habitação humana, dada a recorrência dos desmoronamentos. Os grandes terramotos tendem a formar novas fajãs deste tipo, como aconteceu no grande sismo do Mandado de Deus no ano de 1757, na metade leste de São Jorge.
Fajãs de costeiras
São fajãs em contacto direto com o litoral da ilha, formadas por escoadas lávicas ou abatimento das falésias.
Fajãs de encosta
São plataformas formadas em consequência de quebradas que deixam plataformas de ablação nas encostas. Em geral, de pequena extensão, apresentam pouco interesse para uso humano, mas são importantes como biótopos para espécies que exigem boa exposição solar e boa drenagem.
Fajãs de altitude ou achadas
São fajãs encaixadas em encostas longe do mar, em geral pequenos planaltos ou vales aplainados no sopé de montanhas ou de cones vulcânicos.
Fajãs de sopé
São plataformas aplanadas existentes no sopé de encostas ou entre cones vulcânicos. O termo achada resulta do seu interesse como locais privilegiados de cultivo, preferidos para fixação pelos colonizadores quando os achavam no desbravar das ilhas.